domingo, 18 de abril de 2010

O idiota


Pois, então. Aqui se apresenta um idiota. Sim. Um idiota incapaz de participar das conversas paralelas, das trocas aprofundadas de ideias, dos debates abalizados e das discussões acaloradas dos dias de hoje. Um idiota que há uma semana não sabia sequer traçar uma análise sóbria quanto as reais chances de vitória de “Dicesar”, de “Lia”, de “Thessália(?)” ou de “Dourado” no campeão de audiências Big Brother Brasil. Um idiota que sequer sabe a cara dessa gente sem sobrenomes. Juro que eu, um idiota completo, não saberia responder a perguntas básicas da casa-mais-vigiada-do-Brasil.

Minha idiotice, no entanto, não para por aí. Vai além, bem além do Bê-Bê-Bê. Ela ganha vastos terrenos por eu não assistir - ou mesmo baixar no computador - os intrigantes episódios de Lost; por jamais ter ido ao cinema para conferir um dos filmes da série Crepúsculo; por nunca na história desse país ter aderido ao Orkut e procurado amigos "perdidos"; por não jogar videogame às terças-feiras com os amigos; por ter até hoje um aparelho celular com toque analógico; e por, finalmente, não ter assistido aos últimos videoclipes da Lady Gaga, da Pink, da Shakira ou da Beyoncé.

Também me sinto um idiota pleno por nem mesmo assistir às emocionantes novelas da TV Globo. Soube recentemente, mas apenas de ouvir falar, que a personagem da gostosa da Aline Com-Dois-Enes Moraes anda por aí em uma cadeira de rodas e outro dia teve dificuldades para subir em um busão. Pois, então, me desculpe. É tudo o que sei da nova novela das oito. Infelizmente, não tenho condições de participar de qualquer conversa de bar em que o assunto esteja em vigor. Uma lástima, enfim. Mas, pôxa, espero que você não se sinta prejudicado pela falta de apoio e me convide para a botecada mesmo assim. Eu avisei logo no início que não passava de um idiota, um idiotão.

Admito ser, além de um idiota, claro, um ignorante, um marginal. Isso aí. Estou à margem da sociedade que aqui se apresenta. Parei no tempo. Ouço bandas de música do tempo do Êpa. Estranho, né? Pois, então. Sou tão (mas tão) idiota, que nem fui ao show do Franz Ferdinand. Rolou aqui em Brasília, a uns 5km de casa. É, mas perdi. Alguns amigos disseram que seria ducaralho e tal, que era uma supernovidade em termos musicais, mas, enfim, o idiota aqui preferiu ficar em casa. O idiota aqui até ouviu algumas músicas dos escoceses supracitados, mas, puxa, não conseguiu encontrar nada de novo e revolucionário. Bem pelo contrário. Mas, enfim, talvez não tenha elementos para adentrar à discussão. Faz parte. Sou idiota mesmo...

Uma das maiores provas da minha idiotice, você pode perceber, passa pela falta de informação. Queres ver? Não tenho ideia, infelizmente, do nome do sujeito que criou o megafenômeno Rebolation. Desculpe. É sério. O Google ficaria feliz em me ajudar a desvendar o mistério, mas deu uma baita preguiça agora. Também ignoro o apelido artístico do vocalista do Asa de Águia e o maior sucesso da banda. Verdade. Não sei mesmo. Fico até envergonhado em admitir isso, mas também não saberia aqui cantar alguns dos maiores hits das duplas sertanejas Bruno & Marrone e Victor & Leo. Parece que os caras venderam milhões de cópias pelo Brasil afora. Coisdiloco.

Idiotice por idiotice, confesso que invejo quem anda superbem-informado sobre os atuais acontecimentos mundiais. Sou jornalista. Deveria saber um pouco mais das coisas que acontecem ao meu redor. Não não são raros os momentos que um ou outro colega, amigo ou conhecido pede a minha opinião sobre um dos assuntos citados neste texto e eu acabo por desapontá-lo. Mas, enfim, acredito que tenha feito uma escolha. Conscientemente ou não, optei por ser um idiota. Agora, se me dão licença, vou logo ali ler preencher o meu tempo com coisas talvez menos interessantes para você. Não é o que todo idiota faz?

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